Eu sei que em meu coração o único desejo que existe é o de sentir-me alheio a tudo...

De sentir-me uma pessoa que não se encaixa, não se conforma, não se acostuma.

Talvez porque eu pense diferente dos demais, ou porque eu pense de uma forma anormal...

Talvez até porque eu pense da forma mais simplista e normal possível, não sei, apenas penso que a cada dia essa estranheza minha com os outros e comigo mesmo me torna uma pessoa mais amarga, mais rude e calculista;
Mas não era assim, me lembro que muitas vezes fui eu a pessoa a ser machucada, humilhada, enganada; fui eu a pessoa que ficou esperando uma ligação ou triste por saber que era apenas a segunda opção e nunca seria a primeira.
Antigamente, tudo o que eu sentia me transformava.

As vezes eu queria fazer com que as pessoas se preocupassem mais comigo.
Sei lá, queria que chorassem por mim, que saíssem comigo quando pedisse.
Queria que cada palavra minha ficasse gravada em seus murais, que cada lembrança ao meu lado fosse uma parte importante em suas vidas...
Queria que acreditassem quando eu digo que quero morrer, que se preocupassem e me ajudassem... Por que as pessoas são assim?
Tão distantes e tão despreocupadas? Tão inatingíveis.

Não é fácil ter calma.

Não é fácil esperar por alguém que chegará de algum modo e me ajudará.

Alguém que me mudará em cada pedaço, que me fará esperar pelos minutos do amanhã,

me ajudará a fazer planos e imaginá-los de uma forma diferente...

Não é fácil querer a todo segundo apenas um alguém pra ficar ao meu lado, pra que eu possa falar que não me sinto bem, que tenho medo de mim mesmo, tenho medo dos meus pensamentos, alguém que eu possa falar que não consigo me sentir como meu lar, e que, de certa forma, possa fazer-se calmaria...

Num mundo regido pela lei 'eu me amo' é difícil não se amar,

difícil não se sentir bem consigo mesmo, nem apreciar sua própria companhia.

Não sei como fazer, não sei como lidar com isso, não sei como lidar com as pessoas felizes e que amam cada dia que passam nesta terra.

Não entendo a felicidade, a auto-aceitação, a compreensão de si mesmo.

As únicas coisas das quais entendo são tristezas, solidão, remorso.

São 3.15 da manhã e começo a pensar em como foi meu dia hoje.
Não sei se o desperdicei, se o fiz melhor do que ontem,

apenas fico confuso no meio de tanta informação, de tantos gostos e maneiras diferentes de ser...

Me perco sem saber o que fazer de meus dias, me perco porque acabo achando a parte de minha consciência que sabe que apenas um segundo a menos fará diferença no fim, que apenas minutos podem ser os minutos necessários para que eu peça perdão, que eu diga um 'eu te amo', que eu chore sabendo que não existirá 'além'.

Não sei como irá acontecer, se irei sair para trabalhar e não voltar;

se meu corpo irá me avisar de que estou mal,

se será subtamente.

Espero que quando chegar a hora eu esteja pronto, tenha coragem, e compaixão por quem fica.